domingo, 9 de agosto de 2015

Ditaduras da América Latina

Após a Segunda Guerra Mundial, a instalação da ordem bipolar e o sucesso do processo revolucionário cubano inspiraram diversos movimentos de transformação política no continente americano. Em contrapartida, os Estados Unidos – nação que tomava a dianteira do bloco capitalista – preocupava-se com a deflagração de novas agitações políticas que viessem a abalar a hegemonia política, econômica e ideológica.
As ditaduras na América Latina se estabeleceram no período em que a ordem internacional sofria pelos enfrentamentos da Guerra Fria. Na época, os Estados Unidos desenvolveram uma série de mecanismos de combate ao expansionismo comunista. 
Neste contexto, e notadamente a partir da Revolução Cubana e da ascensão do governo comunista de Fidel Castro, os EUA viriam a intensificar a vigilância sobre a América Latina. Tal preocupação originou, por exemplo, a Aliança para o Progresso, programa instituído por Washington conjuntamente a diversas lideranças latino-americanas

Operação Condor:  Os governos militares latino-americanos mantinham entre si uma poderosa rede de comunicação, onde os contatos eram tecidos com o objetivo de expurgar todo tipo de oposição. É justamente nesses termos que podemos localizar a criação da Operação Condor, uma aliança instituída por tais regimes com a intenção de perseguir esquerdistas, antipatriotas e subversivos nos países do Cone Sul, independente da nacionalidade.
A repressão fora instituída nas suas mais diversas facetas, sendo a censura aos meios de imprensa oficializada e a tortura legitimada juridicamente. Exílios, prisões e desaparecimentos de perseguidos políticos também se fizeram cotidianos em países como Chile, Uruguai, Argentina, Bolívia e Brasil.

Em fins dos anos 70, com a inflamação dos movimentos de oposição, essas ditaduras começaram a dar os primeiros sinais mais evidentes de fragilidade. Internacionalmente, havia igualmente um cenário favorável à redemocratização das instituições políticas.
As ditaduras latino-americanas tiveram fins distintos. Em alguns países, como na Argentina e Chile, tais experiências foram tratadas como Terrorismo de Estado, sendo muitos dos seus responsáveis punidos pela sociedade civil. Já em outros casos, como no Brasil, os autores das violências e autoritarismos cometidos foram anistiados por dispositivos legais, muitos dos quais criados pelos próprios governos militares (como a brasileira Lei da Anistia).



Guilherme Santana


-Fonte: http://educacao.globo.com/historia/assunto/guerra-fria/ditaduras-na-america-latina.html

terça-feira, 28 de julho de 2015

Igualdade: Uma analise da obra “Selma”

O filme “Selma” (2014, Paramount Pictures), da diretora Ava DuVernay, é uma biografia cinematográfica do pastor e ativista social Martin Luther King Jr. Que apresenta as marchas realizadas por ele e seus seguidores em 1965, entre a cidade de Selma até a capital do estado, Montgomery, em busca do reconhecimento dos direitos eleitorais da comunidade afro-americana.
A trama apresenta Martin Luther King Jr. Como um homem político, movido pela justiça. Várias biografias o retratam como uma pessoa inabalável e muito doce. Mas Selma foge de suas relações familiares e amorosas, não demonstrando muitos sentimentos. Este é um homem essencialmente tático, equilibrado e humano, pois não o mostram como um mártir, um tanto “endeusado”, mas sim um cidadão, que vai a busca de seus sonhos, sendo assim merecido seu grande destaque na imprensa internacional.
No papel principal, o inglês David Oyelowo contribui de forma espetacular no filme, tanto que ganhou a estatueta do Golden Globe Awards na categoria de melhor ator. David consegue humanizar a personagem, mostrando- se como um homem neutro em cenas cheias de emoção, evitando a atuação-espetáculo, como ocorre com Eddie Redmayne em A Teoria de Tudo, onde o ator transforma Stephen Hawking na pessoa mais carismática do mundo.
O pastor Martin Luther King Jr. lutava pela minoria, por seus direitos e pela diminuição da desigualdade social. Uma boa luta, ainda utilizada nos dias de hoje por algumas comunidades cristãs. É interessante ver o inverso acontecer, porque enquanto a atual política utiliza a religião como política, um homem batalha com fé e razão, fazendo da política sua religião. 

Lucas Finkelstain

sábado, 25 de julho de 2015

Hotel Ruanda

O filme conta a historia do conflito, ou melhor, do genocídio ocorrido em 1994 na capital de Ruanda – Kigali. A diversidade étnica foi o motivo para estourar o conflito. Tudo começou quando o presidente sofreu um acidente aéreo e perdeu a vida, os hutus prontamente acusaram os tutsis e assim começou o massacre, eles pegaram facões e saíram para as ruas matando os tutsis, entravam nas casas matando todos e depois queimavam as casas.

Paul Rusesabagina, hutu e gerente do hotel, começou a subornar o exército para que sua família e amigos não fossem assassinados. No hotel ele começou a abrigar os refugiados junto dos turistas até o momento em que a ONU conseguiu um voo para os hospedes do hotel, Paul ficou extremamente entusiasmado, porém, apenas os turistas seriam retirados, o ocidente estava virando as costas para a africa.

O gerente começou a subornar o exército com tudo que tinha de valioso e quando acabou os bens ele começou a enrolar o general para manter as pessoas vivas. Com toda a sua lábia ele começou a ligar para todas pessoas influentes que conhecia para salvar os refugiados. Depois de muitas ligações eles conseguiram uma caravana para retirar as pessoas do hotel, porem, era apenas uma armadilha dos hutus que armaram uma emboscada, mas eles conseguiram voltar ao hotel. Cansado dessa situação Paul ameaça o general do exército que acaba levando eles para um campo de refugiados salvando a vida de mais de 1000 pessoas.

Rusesabagina recebeu um premio da ONU por ter salvo tantas pessoas, entretanto, ele não é o personagem principal, nem os hutus, nem os tutsis, mas sim a sociedade internacional que se omitiu por que achavam que ruanda não valia nada, afinal, sem ouro e petróleo para que servia?

Foi uma vergonha internacional, ninguém tentou parar, todo mundo se omitiu e isso fica muito claro no filme e causa um certo desconforto em quem assiste, pois se sente culpado de ter sido apenas um espectador.

Recomendo fortemente o filme, pois ele não nos faz pensar somente nas desigualdades e em que isso pode levar, ele nos mostra que o amor pelo próximo é muito importante e que no momento de dificuldade as pessoas devem se unir e esquecer todas as diferenças, seja étnicas, religiosas ou sociais.

Adão Amaral

quinta-feira, 23 de julho de 2015

História vista por lado

“A Outra História Americana” (American History X) é um filme estadunidense de 1998 dirigido por Tony Kaye e escrito por David McKenna, com os atores principais Edward Norton (Derek Vinyard) e Edward Furlong (Danny Vinyard). O filme é do tipo ação/drama.
Derek é o filho mais velho de uma família americana de classe alta, que teve quando jovem o pai assassinado por negros enquanto ele lutava contra um incêndio no bairro dele, e isso foi o estopim para Derek se rebelar e colocar para fora toda sua ira contra as pessoas que, no que ele acredita, só causaram desajustes sociais roubando direitos de um país “justo e limpo”. Ele assim se torna líder de uma gangue neonazista que tem como objetivo livrar seu bairro desses “parasitas”, os negros e os latinos que buscam um lugar para ter uma vida melhor mas acabam tirando a oportunidade de pessoas merecedoras como ele. Assim não demorou para Derek se tornar uma referência para jovens perdidos e excluídos de seu bairro que veem nas suas falas uma saída para a angustia e frustração.  
O filme começa na cena que desencadeia a história da vida de Derek. Seu irmão Danny, ouvindo seu irmão transar no quarto ao lado e com os gritos acaba acordando no meio da noite. Não sei com o que ele se sente mais incomodado, mas o fato é que ele deitado na cama e tentando dormir, acaba avistando e avisando Derek que dois negros estão a tentar roubar o carro dele. Então Derek sai correndo para fora com uma arma na mão com uma única intenção, mata-los.
Mas o filme não se trata a apologia ao nazismo, claro que não, o filme foca na longa reabilitação de Derek. Pego pelo polícia, preso e condenado, Derek se vê num “mundo” em que são todos iguais e todos sujeitos a violência, até mesmo os seus semelhantes. Após três anos de prisão, Derek percebe que em todos esses anos que defendeu a ideologia só serviram para piorar sua vida, e que o ódio herdado de seu pai não tem razão de existir. Assim, Derek sai totalmente mudado, e disposto a recomeçar a sua vida e a salvar seu irmão mais novo que trilha exatamente o mesmo caminho que ele trilhou. Infelizmente seu irmão acaba sendo morto por esse mesmo motivo.
Este filme retrata muito bem o cotidiano de muitas pessoas em pleno século XXI em que ainda tem esse pensamento antigo e ultrapassado. E isso não está apenas nos Estado Unidos, é pelo mundo todo, o xenofobismo é um ideal que vem sido debatido entre grupos extremistas de maneira silenciosa. E esse filme retrata muito bem, porque ele é baseado em fatos reais, de pessoas que realmente passaram por tudo aquilo.
Como infelizmente testemunhamos num mundo globalizado, o racismo é cada vez mais evidente por uma suposta paixão pelo seu país ou pelo seu clube, como o visto no caso do goleiro aranha. O preconceito é fixado principalmente naqueles que praticam aquela cultura do “nada contra, mas...”. Desde a mulher que não pode entender futebol, indo para o racismo, até aquele cara que dá um jeitinho para ser melhor diante dos outros. E o mais grave e talvez mais irônico, o fato de um negro ofendendo um negro. Porque nós seres humanos temos essa necessidade de nos sentir superiores a qualquer outra pessoa?
Na 2ª guerra mundial foram mortos cerca de 70 milhões de judeus, a ideia alterada e fanática de Hitler da raça ariana marcou a história, mudou um país e mesmo com a justa demonização do fato, ainda há defensores e adeptos a ideia de soberania. Contudo, a guerra maior se constrói dia-a-dia, como nesse caso o que aconteceu no jogo de futebol de torcedores doentios. É só mais um em uma dura e cruel realidade ainda viva em nosso meio, mesmo com tantos defensores da igualdade ao longo da história moderna. A verdade é que “brancos” odeiam “negros” ao que fizeram em sua sociedade “limpinha”, homens odeiam mulheres que se “infiltram” em seu “clube”, e os sexos odeiam as pessoas que fazem opção pelo terceiro (homossexualismo), afinal, a cena de dois homens se beijando destrói famílias e a falta de caráter não. E assim seguimos nessa guerra preconceituosa sem ao menos saber como começou.

Bruno Tarrago


terça-feira, 21 de julho de 2015

NO: A alegria está chegando



    O filme, dirigido por Pablo Larraín, é baseado no manuscrito não publicado "El Plebiscito", escrito por Antonio Skármeta e conta os bastidores do embate histórico pelo fim da ditadura chilena, na qual o povo votaria em um plebiscito a favor ou contra a prorrogação de mais 8 anos do mandato do ditador chileno Augusto Pinochet.

    A historia tem como protagonista René Saavedra (muito bem interpretado pelo mexicano Gael Garcia), um publicitário que se vê em um conflito: ajudar a oposição do atual regime, participando da campanha que busca pelo “NO” ou continuar em seu emprego bem remunerado e estável como futuro sócio de uma agência bem sucedida. É claro que sua ligação com a sua ex-mulher, uma militante, e sua preocupação com o futuro de seu filho o fizeram ingressar ao time “comunista”, assim denominado pela direita apoiadora do regime. René usa da linguagem publicitária para modernizar e se diferenciar do modelo clássico de campanhas eleitorais contrariando até mesmo os apoiadores de sua causa que viam o plebiscito como uma causa perdida - e desejavam usar dos 15 minutos diários durante 27 dias para relatar a violência do regime, sem tentar atrair votos para seu lado.

    Quando René entra para a campanha, tenta apresentar algo colorido, divertido e jovem, buscando trazer de volta a felicidade perdida por muitos depois da implementação do regime e mostrar que votando “NO” essa alegria poderia voltar. A campanha foi montada em esquetes apresentando propagandas divertidas, momentos musicais e até mesmo um jornal que mostra como era o jornalismo antes da ditadura, uma noticia “pura” e sem censura. Aos poucos o programa foi sendo aprimorado, tornando-se mais divertido e tendo como atração principal jingles que logo eram cantados por todos, contagiando as pessoas com a ideia de felicidade trazida pelo “NO”. A comédia era uma parte fundamental na propaganda que trazia como diversão a informação abrindo os olhos das pessoas apoiadoras do regime, vencendo assim esta barreira fomentada pela alienação e medo.

    Aos poucos os conservadores - que subestimaram aqueles que eram favoráveis ao “NO” - percebem a derrota iminente e tentam enfraquecer a oposição, ameaçando a liderança e usando dos seus períodos de propaganda diária para atacar diretamente a publicidade adversária.

    Recomendo fortemente o filme que, embora se tratando de um evento passado, nos remete a uma realidade presente, trazendo diversas reflexões sobre nosso cenário politico atual e sobre as diversas opiniões que circulam entre as pessoas. É um filme que nos comove e nos faz sentir admiração pelo trabalho daqueles que disseram “NO” e acreditaram que “a alegria estava chegando”.

Francisco Berardi

>